Terceira idade: Como adaptar a casa para a pessoa idosa

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Todos nós chegaremos lá um dia: seremos velhos. Enquanto isso não chega, muitas vezes temos que cuidar dos nossos familiares idosos – ou são eles mesmos que cuidam de si. Nos dois casos, há uma sempre crescente necessidade de segurança e conforto no ambiente que se torna cada vez mais familiar - a casa. Isso significa que é ou vai ser necessária uma adaptação da casa para a pessoa idosa, de modo a obter essa segurança, esse conforto e muito mais qualidade de vida.

Hoje em dia, existem dicas e recomendações qualificadas de como elaborar esse trabalho de adaptação de uma casa para pessoas da terceira idade. Existem também equipamentos e acessórios desenvolvidos especificamente para tornar seguro um banheiro ou uma cozinha, por exemplo. Ou mobiliário especial para a sala de estar ou o quarto. Até mesmo o quintal ou a garagem podem ser adaptados com medidas simples e rápidas de realizar. 

Em resumo: cada cômodo de uma casa pode ser aperfeiçoado em termos de segurança e conforto. Neste livro de ideias, apresentamos muitas ideias eficientes que você pode aplicar na sua casa ou na casa dos seus idosos. A principal fonte tem a chancela da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), no Estado de São Paulo e trata-se da Cartilha para acessibilidade ambiental, de autoria de Maria Luísa G. Emmel e Luiza Oliva Paganelli, publicada em 2013 e disponível gratuitamente on line. Conheça essas ideias agora mesmo!

1. Para a casa toda

Faz parte da vida, portanto é inevitável: a partir de determinada idade, qualquer pessoa passa a apresentar condições como dificuldades de locomoção e problemas visuais que tornam preocupante ou até mesmo arriscado o dia-a-dia em uma casa. Quando a situação chega ao ponto de fazer temer quedas e outros acidentes, é hora de adaptar cada cômodo da casa para essa nova etapa da vida, proporcionando à pessoa idosa maior conforto e segurança.

Algumas medidas valem para a casa inteira – como, por exemplo, o reforço na iluminação que vai compensar parte da dificuldade visual. Isso pode ser complementado por cores e cortinas claras, assim como interruptores na altura dos ombros da pessoa idosa, os quais podem ter botões luminosos que facilitam a localização. 

Já os problemas de locomoção, que tornam a pessoa idosa mais propensa a quedas, escorregões e desequilíbrio, podem ser minimizados não apenas com itens como bengalas e andadores, mas também com o uso de calçados adequados. Os mais indicados são os baixos com solados aderentes e, quando necessário, com tiras nos tornozelos. Os tênis são especialmente recomendados. Também é preciso que a pessoa idosa não se apoie em móveis, paredes e maçanetas, preferindo se locomover com andadores, bengalas e outros acessórios. 


No que se refere a portas e janelas, o princípio é que permitam a fácil abertura. Portanto, para facilitar a passagem, as portas devem ter ao menos 80 cm de largura, estar desobstruídas e ser abertas com um único movimento. Também devem ter maçanetas tipo alavanca e poder ser abertas com um único movimento, evitando mantê-las fechadas por dentro.Para caso de emergência, mantenha chaves de reserva em outro cômodo ou em posse de outra pessoa. Os descansos de porta devem ser substituídos por um dispositivo que a mantém aberta, assim como os panos e similares devem ser substituídos por vedantes. Por sua vez, a altura das janelas devem sempre estar ao alcance das mãos e da visão da pessoa idosa e suas folhas ou módulos devem poder ser abertos individualmente em um só movimento e com uma única mão. 

Outros cuidados são necessários em vários pontos da casa. Por exemplo, o piso de madeira ou que exija polimento não deve receber produtos que o tornem escorregadio. Outra boa ideia é não mudar os móveis de lugar, já que a pessoa idosa se move instintivamente pela casa que ela conhece.  Mudando de assunto, os fios de equipamentos não devem ficar soltos e aparentes, mas presos nas paredes ou embutidos. O relógio de parede é bem comum na casa de idosos, mas é importante escolher o tipo certo, com números grandes e cores contrastantes com o fundo, e colocá-lo em locais de fácil visualização. Por fim, o telefone e o interfone, que são imprescindíveis na casa de uma pessoa idosa. Eles devem ficar em um local de fácil acesso e ter números grandes para facilitar o uso. Para os momentos de emergência, é válido ter um telefone móvel sempre ao alcance da mão ou, então, outros aparelhos fixos dispostos pela casa.

2. Entrada, corredor, escada

A adaptação da casa às condições adequadas de uso para uma pessoa idosa começa já na calçada, que deve ter uma faixa de ao menos 1,20 m e estar totalmente desobstruída para facilitar a passagem. Já dentro da casa, a circulação segura é prioridade: o piso ideal, por exemplo, é plano, regular, antiderrapante e sem degraus e desníveis. Ele deve também estar desobstruído, pois objetos no caminho podem causar tropeços. Por isso mesmo é que os tapetes devem ser evitados. Mas se tê-los for mesmo a preferência, tome o cuidado de evitar que os pés se enrosquem neles escolhendo um com cerdas baixas, emborrachado, antiderrapante ou ainda com ventosas.  

Um elemento polêmico na casa é a escada, mas não há como negar que as pessoas idosas sofrem ao subi-las e descê-las. O ideal é que ela seja usada o menos possível. Mas, uma vez que uma delas esteja presente na casa, deve-se pensar na segurança. Os dois lados da escada devem ter corrimãos e o caminho deve ser sinalizado do começo ao fim com luzes ou faixas fluorescentes no piso. igualmente importante é que os degraus tenham sempre as mesmas dimensões para permitir a melhor orientação do idoso. Eles também pedem faixas antiderrapantes e iluminação para facilitar a visualização e evitar escorregões. Já o início e o fim da escada precisam ser sinalizados com material em cor e textura diferentes do da estrutura dela. Os corredores, especialmente se houver desnível, necessitam sinalização, iluminação e barras de apoio. 

3. Salas de estar e jantar

As salas de estar e jantar são muito utilizadas pela pessoa idosa e seus visitantes, principalmente a primeira. Por isso, precisam estar perfeitamente adaptadas para uma pessoa com dificuldades de locomoção. Uma situação típica é que o idoso utilize móveis como apoio à medida que caminha. Portanto, os móveis devem ser sólidos e firmes. 

No caso de sofás poltronas e cadeiras, o assento da peça deve ser firme e permitir que a pessoa apoie perfeitamente os pés no chão, o que facilita a ação de sentar e levantar. Também deve permitir que as costas fiquem retas no encosto e que os joelhos fiquem em um ângulo de 90 graus. Caso isso não ocorra, deve-se procurar compensar a deficiência com apoios alternativos, como colocar uma almofada densa ou uma tábua de madeira debaixo da almofada quando o assento for muito macio, por exemplo.

As poltronas e cadeiras com braços são as proporcionam melhor apoio, pois é possível se sentar e se levantar utilizando esses apoios. Mobiliário que permita variação de postura também é recomendado por ajudar a prevenir  desconforto e dores. Já as estantes e os armários devem ser fixados na parede ao alcance das mãos, o que permite tanto um apoio firme quanto a facilidade na busca de objetos. Por outro lado, as mantas e cobertores no sofá não são recomendados porque podem fazer a pessoa tropeçar, caso escorreguem para o piso. 

4. Quarto

O que vale para sofás, poltronas e cadeiras vale também para a cama: ela deve permitir o correto apoio dos pés no chão no ato de se sentar, mantendo-se os joelhos em um ângulo de 90 graus. O colchão deve ser denso ou apropriado à condição de saúde da pessoa idosa. Já as almofadas na cama devem ser evitadas, enquanto o cobertor deve ser preso entre o colchão e a cama para não se correr o risco de se tropeçar nele. 

Por sua vez, os objetos pessoais devem ficar em armários e móveis fáceis de se alcançados, evitando-se assim subir em bancos ou escadas. E finalmente uma dica: é importante se manter uma fonte de luz próxima a cama, como um abajur ou uma lanterna, de modo a facilitar a locomoção durante a noite. 

5. Cozinha

Na cozinha, tudo tem que estar ao alcance das mãos: os armários precisam ficar entre 50 cm e 150 cm de altura, enquanto as bancadas da pia e de trabalho devem ter entre 80 cm e 95 cm de altura, possibilitando o manuseio da comida e a lavagem da louça na posição sentada. Assim, evita-se ao máximo o uso de escadas ou o desconforto da posição em pé. 

O fogão elétrico, que não tem chamas, é o mais indicado para a cozinha de uma pessoa idosa. No entanto, se a preferência for mesmo o fogão a gás, dê preferencia àquele com acendimento automático e trava de segurança. Uma dica útil é manter sempre a tampa do fogão levantada para evitar acendê-lo tampado sem querer. 

Os itens mais usados da geladeira devem ficar ao alcance da mão. Já ao descongelá-la, o piso deve ser mantido seco para evitar quedas. Pelo mesmo motivo deve-se manter seco o piso junto à pia ou colocar ali um tapete emborrachado e antiderrapante. 

6. Banheiro

Este é o cômodo da casa mais perigoso para uma pessoa idosa, pois ela fica mais relaxada nesse ambiente familiar e acaba dando espaço, sem perceber, para que uma queda ocorra. O piso antiderrapante e as barras de apoio no box e ao lado do vaso sanitário são as condições ideais de uma casa adaptada para uma pessoa idosa.

As barras de apoio na área do chuveiro e ao lado do vaso sanitário são elementos de segurança e podem ser instaladas na horizontal, na vertical e em forma de L. A largura mínima do box, para efeitos de conforto e segurança, é entre 0,90 cm e 0,95 cm, devendo ter portas amplas e eliminar degraus. 

Na área do box, recomenda-se utilizar tapetes antiderrapantes, com ventosas ou de borracha, para se evitar quedas e escorregões. Mas o ideal mesmo é abrir mão deles e substituí-los pelo enxugamento dos pés ao terminar o banho. Para realizar essa tarefa, é recomendável ter no box um banquinho, que pode ser de alvenaria, mas nunca de plástico. 

Para facilitar o uso do banheiro, os registros e misturadores de água do chuveiro devem ser de alavanca, preferencialmente. As torneiras da pia também devem ser, de preferência, de alavanca, sensor eletrônico ou outro dispositivo equivalente. Acessórios como cabides, toalheiros e saboneteiras precisam estar ao alcance do idoso. 

Já o vaso sanitário segue o princípio de todo assento na casa: permite o ato de sentar e levantar e o perfeito apoio dos pés no chão, o que pode tornar mais recomendável um vaso um pouco mais alto do que o normal. O papel higiênico e o cesto de lixo precisam estar ao lado do vaso sanitário, ao alcance da pessoa. Por fim, as portas do banheiro devem ter largura mínima de 80 cm para a passagem de andadores e cadeiras de rodas. As trancas devem ser eliminadas para facilitar o acesso em caso de emergência. 

7. Áreas externas

Nas áreas externas da casa, o perigo também ronda. No quintal, o piso precisa ser plano, sem rachaduras e, preferencialmente, antiderrapante. Se houver desnível, o local deve ser sinalizado. As áreas descobertas e de mais circulação ficam molhadas escorregadias em dias de chuva e, para evitar isso, é recomendável instalar toldos nelas. 

Os ralos e as grelhas, porém, devem estar longe dessas áreas ou, pelo menos, devem estar no mesmo nível do piso. Já o varal de roupas precisa estar em uma altura acessível – ou , então, ser substituído por um modelo para piso. Por fim, é bom evitar deixar espalhados no quintal objetos como vasos de plantas, mangueira e ferramentas. Se houver animais de estimação, eles devem ser mantidos no quintal para evitar tropeços.

Na garagem, o indicado é um piso áspero ou antiderrapante e também plano e sem desníveis. Uma boa medida é cobri-la para mantê-la seca em dias de chuva e, assim, evitar quedas. Já quando a casa tem piscina, recomenda-se que a área em torno dela não tenha superfícies escorregadias ou abrasivas. O acesso à água deve ser feito por meio de degraus, rampas submersas ou outros equipamentos de transferência. Os corrimãos são bem-vindos também na escada ou rampa de acesso da piscina, assim como as barras de apoio são recomendadas para as bordas internas dela, na altura do nível da água.

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